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Pesquisa aponta: formação continuada de professores ainda não é realidade no país

Especialistas e gestores públicos já constataram e reafirmam constantemente que a garantia de uma educação de qualidade para todas as crianças e adolescentes passa, necessariamente, por ações concretas que visem desenvolver os professores. No entanto, as políticas públicas, desenvolvidas por estados e municípios, que visam oferecer formação continuada aos educadores não têm dado conta de atender a essa demanda de forma qualificada.

A conclusão é da pesquisa “Formação continuada de professores: uma análise das modalidades e práticas em estados e municípios”, lançada ontem, dia 08, pela Fundação Victor Civita, em São Paulo. O estudo foi desenvolvido em parceria com a Fundação Carlos Chagas, durante o ano de 2010. A proposta foi identificar como se configuram as ações de formação continuada de professores no país, as modalidades por meio das quais elas são implementadas e os processos de monitoramento e avaliação empregados. Para isso, os pesquisadores acompanharam as iniciativas e experiências de 19 secretarias – 13 municipais e 6 estaduais de educação.

“Com a análise dos dados obtidos, disponíveis nesta página, a FVC acredita ser possível sinalizar encaminhamentos que venham a contribuir para os elaboradores de políticas públicas e para novos estudos no campo da formação continuada de professores”, ressaltou a pesquisadora Patrícia Albieri, coordenadora do estudo pela Fundação Carlos Chagas e professora da Universidade Mackenzie.

Segundo a pesquisadora, o que se percebe é que, quando há uma política de formação efetiva, ela fortalece a escola como um todo, viabiliza maior qualidade na escolarização oferecida e no desenvolvimento dos professores. Por isso, é preciso evoluir nesta questão.

Na avaliação de Patrícia Albieri, as práticas estão sim evoluindo, entretanto, há problemas ainda a serem superados diante da complexidade que esta tarefa existe. Das 19 secretarias estudadas, cinco realmente contam com uma política de formação continuada, que oferece condições reais para que o professor participe das capacitações, sendo incorporada, inclusive, como uma prática do plano de carreira. As demais relegam a formação para as escolas ou contratam firmas especializadas apenas. Constatou-se que, estas, não contam com horas específicas de trabalho coletivo na jornada.

“O Ministério da Educação (MEC) tem tido um esforço de encaminhar políticas e desenvolver estratégias para regulamentar as ações. Mas, estas ações podem se tornar inócuas quando não têm articulação com outras políticas”, pontuou Patrícia.

O estudo constatou que há dois tipos de formação oferecidos no sistema de ensino: a individualizada, voltada principalmente para o aprimoramento da atuação profissional do professor, e a colaborativa, para a capacitação das equipes escolares e gestores em conjunto. O caminho, segundo a pesquisadora, é que as políticas possam integrar de fato estas duas propostas.

Assim, é essencial que os professores tenham oportunidade de participarem de iniciativas para a melhoria da sua prática, mas que seja garantido também espaços em que os educadores possam se reunir para estudar, socializar conhecimentos e experiências. “É preciso fazer da escola uma comunidade de aprendizagem. Isso irá fortalecer e legitimar o lócus da escola como espaço para formação continuada”, acredita Patrícia, destacando ainda a importância de formações que ajudem o professor a desenvolver características éticas e políticas essenciais para o exercício profissional.

“É essencial que a formação possibilite também ao professor pensar sobre a própria profissão. Qual o sentido desta formação para mim? Para quem eu ensino? No entanto, a parte está sendo negligenciada”.

A formação oferecida para os docentes na escola, segundo os profissionais da coordenação, tem seu foco dirigido para: 71% problemas de aprendizagem e desempenho dos alunos; 63% conhecimentos didáticos; 58% teorias e fundamentos; 43% problemas de disciplina; 34% temas motivacionais que promovam bem-estar pessoal; e 6% outros.

Outra necessidade dos programas de formação continuada, de acordo com o estudo, é superar as ações isoladas e específicas das práticas formativas que contribuem para o aperfeiçoamento pedagógico – Português e Matemática, por exemplo – e também gerais ao sistema, não levando em consideração as especificidades dos professores ao longo da carreira. Afinal, um professor que acabou de entrar em sala de aula tem demandas diferentes do que um professor com 15 anos de experiência. O apoio oferecido, portanto, deve ser diferenciado.

A função e o papel do coordenador pedagógico também se destaca neste processo de formação continuada. Ele acaba sendo o principal responsável pelos processos de capacitação. No entanto, como muitos sistemas ainda não tem essa função ou cargo previstos no organograma de suas unidades, este profissional acaba assumindo outras atividades, muitas vezes burocráticas.

De acordo com outro estudo da Fundação Victor Citiva, também lançado ontem em parceria com a Fundação Carlos Chagas – O coordenador pedagógico e a formação de professores: intenções, tensões e contradições –, 19% afirmaram substituir as classes uma ou duas vezes por semana; 50% atendem telefonemas todos os dias; e 9% afirmaram que não fazem formação de professores.

Segundo a pesquisadora responsável pelo estudo, Vera Placco, professora da PUC, o papel de articulador da equipe, que o coordenador deveria desempenhar, fica então a desejar. Além disso, eles também não contam com políticas de formação específicas. Para Vera, o trabalho do coordenador deveria se estruturar em três eixos: 1) Articulação – no sentido de um compromisso e de ações e reflexões sobre as relações que se estabelecem na escola, e também no trabalho do projeto político pedagógico, 2) Formação – ter o compromisso com ações na escola que possibilitem a todos os educadores estarem em processo contínuo de formação e desenvolvimento profissional, e o 3) Transformação – quando as duas engrenagens anteriores estiverem funcionando bem colocarão em movimento a transformação, ou seja, na articulação e no coletivo, a reflexão a inovação, a criatividade, a dúvida, poderão se instalar na escola e fazer com que as ações mudem e melhorem e, portanto, o desenvolvimento do aluno se dê.

Boas práticas

Os desafios colocados à formação continuada são diversos, mas, os estudos também identificaramboas práticas que estão sendo desenvolvidas localmente. A Secretaria de Estado de Educação do Acre, por exemplo, decidiu incorporar a formação continuada dos professores à jornada de trabalho. Atualmente, o regime contratual de professores prevê que, para uma carga horária de 20 horas em sala de aula, mais 10 serão de horas extraclasse. Destas, cada escola determina quanto tempo será destinado à formação.

Outra questão essencial para a garantia de um bom trabalho, que é a valorização da formação em serviço em plano de carreira, foi assumida pela Secretaria da Educação do Paraná. No Estado, os professores podem progredir na carreira horizontalmente, por meio de programas de aperfeiçoamento e ampliando o tempo de serviço – e verticalmente – investindo na formação acadêmica.

Já a garantia de continuidade dos programas é o destaque da cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo. No município, o Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), iniciado em 2001 pelo MEC, capacitou equipes pedagógicas locais. A partir daí, os técnicos formaram orientadores e professores da rede. Com os bons resultados, o programa foi então também oferecido a todos os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental e, mais tarde, em uma capacitação local da própria secretaria.

Propostas de ação

Os estudos apresentaram também algumas dicas e orientações para ajudar as secretariais a garantirem de fato melhorias nas suas políticas de formação continuada. Entre as proposições das pesquisas estão:

– Investir na formação inicial para que a formação continuada não precise atuar de forma compensatória
– Coordenar a oferta de formação com as etapas de vida profissional
– Desenvolver políticas que formem e fortaleçam o corpo docente e a equipe gestora
– Ampliar a oferta de formação continuada para todas as modalidades
– Explorar adequadamente o papel das universidades na formação
– Evitar a não continuidade de políticas públicas
– Investir na socialização de experiências bem-sucedidas
– Desenvolver ações para acesso aos bens culturais
– Ampliar o tempo dedicado às ações e não apenas às reuniões pedagógicas na escola
– Apoiar as escolas e incentivá-las a experimentar novas práticas
– Avaliar os resultados dos programas por meio da apropriação dos conteúdos

Serviço

Para acessar o conteúdo completo das pesquisas, basta clicar em: www.fvc.org.br/estudos


Por Daniele Próspero / Blog Educação

Vídeo – “Diáspora Africana”

Também disponível no Youtube e no Vimeo

Slides das apresentações do dia 28 de maio

Família e religiosidade na África pré-colonial

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Diáspora africana

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Tolenare e escravidão

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Violência contra o escravo urbano no Brasil Colonial entre os século XVIII e XIX

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Uma viagem à África para saber mais sobre a história da escravidão

Reportagem exibida pela TV Record:

Mais da metade dos brasileiros se dizem negros ou pardos

Entrevista com Alberto da Costa e Silva na GloboNews

Marcus Carvalho fala sobre a influência do islamismo na África

Disponível também no Youtube e no Vimeo

Marcus Carvalho fala sobre a escravidão e o comércio de escravos em Angola

Também disponível no Youtube e no Vimeo

TEXTO: “Vovó nagô e papai branco – usos e abusos da África no Brasil”

Foi recomendada a leitura dos capítulos 2 e 4 da dissertação de Beatriz Góis Dantas para discussão na próxima aula (21 de maio). É possível ler o texto na janela acima ou baixar –  para isso, CLIQUE AQUI.

Monumentos que guardam a história dos negros no Brasil estão abandonados

África contemporânea é tema de minicurso na UFPE

Do NE10

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), promove o minicurso “Dinâmicas Políticas na África Contemporânea”. O evento é aberto ao público e acontece entre os dias 16 e 18 deste mês, das 17h30 às 20h30, no auditório do PPGA, no 13º andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), campus Recife.

As inscrições podem ser feitas no PPGA, até o primeiro dia da programação. Os participantes presentes nos três dias do minicurso receberão certificado. A presença é obrigatória para os alunos da disciplina de Antropologia Política.

O minicurso será ministrado pela professora Andréa Lobo, do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB).

Marcus Carvalho fala sobre a escravidão africana e sobre as relações entre Portugal e África

Também disponível no Youtube e no Vimeo

Marcus Carvalho fala sobre as relações luso-africanas no contexto colonial

Marcus Carvalho fala sobre religião, cultura, relações de poder e linhagens africanas

Também disponível no Youtube e no Vimeo

Também disponível no Youtube e no Vimeo

Vídeos sobre locais, povos e culturas africanas

ÁFRICA OCIDENTAL – TOGO E BENIM

ETIÓPIA – VALE DO RIO OMO

MALI E SAARA

Entre cantos e chibatas – conversa com Lilia Schwarcz

A convite do blog do IMS (Instituto Moreira Sales), a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz analisou uma série de imagens que retratam o negro na sociedade brasileira e pertencem ao acervo do Instituto Moreira Salles. São fotos sobretudo do século 19, reveladoras de contradições de um período em que o Brasil teve fotógrafos de objetivos distintos, que vão da criação de uma imagem apaziguadora da escravidão ao levantamento amplo das diferentes funções dos escravos até a Abolição.

Bloco 1: Deusas e mucamas

Nesta primeira parte, Lilia Schwarcz observa as semelhanças e disparidades nas imagens capturadas ao ar livre ou em ateliê. A antropóloga se apoia em definição de Susan Sontag, segundo a qual a “fotografia serve à mentira”, para definir o que é jogo de cena. E é justamente esse falseamento que ela identifica nos ateliês dos fotógrafos: “Tudo é uma mentira, tudo é uma composição”. Chamam atenção as negras expostas como mulheres sensuais e aquelas que se ornam com fidelidade às origens.

Bloco 2: O eito e a casa grande

Neste segundo bloco, Augusto StahlG. Gaensly e R. LindemannGeorges LeuzingerHenschel & Benque são destacados. Lilia Schwarcz analisa como é notável como os retratos da mulher e do homem escravos são distintos. Os homens aparecem mais vinculados ao trabalho, enquanto as mulheres encontram representação mais variada por causa da domesticidade. As vestes são determinantes da relação com o senhor branco. Nos retratos de tipos exóticos, vê-se que são apartados da casa grande; nos de negros domesticados, que são incluídos.

Bloco 3: Tipologia e encenação

O terceiro segmento traz uma ampla série de fotos de Marc Ferrez. Lilia Schwarcz observa que Ferrez faz o levantamento das variadas funções dos escravos para não vê-los apenas como trabalhadores da lavoura. Para ela, a natureza aparece em suas imagens de forma muito organizada. Mesmo fora do ateliê, a falta de naturalidade pode ser percebida pela disposição da cena.

Bloco 4: O negro pitoresco

No último bloco, Lilia Schwarcz reflete sobre o conjunto de imagens depois de apontar, em três imagens de Victor Frond dos anos de 1858 e 1859, uma composição que nitidamente serve para levar ao estrangeiro a imagem de uma escravidão amena – como se, embora ainda perdurasse no Brasil, a escravidão não fosse de todo negativa.

Palestras e entrevistas em vídeo

José Maria Nunes Pereira (UCAM) com a palestra “Estado atual dos estudos africanos na Europa e Américas”

Kabengele Munanga (USP) fala sobre “Questões e dificuldades dos países africanos: o caso da República Democrática do Congo”

Fernando Mourão (USP) com a palestra “Conhecer África: motivações acadêmicas, políticas e pessoais”

Fábio Leite (USP) com a palestra “África profunda: permanências e práticas ancestrais”

Texto de Robin Law sugerido para aprofundamento

O  texto de Robin Law recomendado pelo professor Marcus Carvalho para complementar nosso embasamento foi o seguinte:

Documentação e obras raras 5

Documentação e obras raras 4

Obras ambientadas ou dirigidas aos estudos sobre Pernambuco:


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