Professor sabe menos de computador que o aluno

Por Isis Brum – Jornal da Tarde

Os alunos sabem mais que os educadores sobre conteúdos digitais e ferramentas tecnológicas. No País, 64% dos professores admitem a defasagem sobre o uso do computador em relação a suas turmas, segundo dados da primeira edição da pesquisa TIC Educação, realizada pelo Centro de Estudos sobre Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Divulgado nesta terça-feira, 9, o estudo pretende identificar o uso dos computadores e da internet nas escolas brasileiras e se o conteúdo aprendido se transforma em conhecimento. Foram entrevistados 1.541 professores, 4.987 alunos, 497 diretores e 428 coordenadores pedagógicos em 497 instituições de ensino da rede pública municipal e estadual. Conhecer o computador é um dos desafios para integrar as tecnologias da informação e da comunicação às atividades pedagógicas em sala de aula, de acordo com o estudo. A distância entre o professor e o equipamento pode ser percebida em sua desconfiança com relação ao conteúdo oferecido pela internet – 31% deles não confiam nos dados disponíveis na web. Outros 35% creem que os estudantes ficam sobrecarregados de informação e 31% pensam que os estudantes perdem o contato com a realidade.

Coordenador de pesquisas do Cetic.br, Juliano Cappi diz que o perfil do professor – que não é nativo digital e sua faixa etária varia de 31 anos a mais de 46 – ajuda a explicar porque a tecnologia ainda não é aplicada em sala de aula. “Mas há uma demanda reprimida, pois os professores compram seus computadores, pagam cursos e até levam seus equipamentos para a sala de aula”, aponta. “A capacitação do professor é fundamental”, comenta Jorge Werthein, vice-presidente da Sangari no Brasil e representante do escritório das Nações Unidas para a Educação no Brasil (Unesco) de 1996 até 2005. “O que ele está dizendo (neste estudo) é ‘eu não consigo usar esse instrumento porque não fui exposto à essa tecnologia quando criança ou na faculdade’”, interpreta Werthein. Gerente de Educação, Juventude e Cultura da Fundação Telefônica, Milada Gonçalves sugere que o educador deve tratar o estudante como um parceiro nesse processo “e não como alguém que o desafia a aprender mais para ensinar   depois”. Só livros e aula não estimulam a nova geração – Quase um terço dos professores acredita mais nos métodos tradicionais de ensino – uso de livro, pesquisa em biblioteca e aula expositiva – que no uso das tecnologias de informação e da comunicação para as práticas pedagógicas. Para os pesquisadores, o confinamento dos equipamentos em laboratórios (80% das atividades são realizadas neles) – e não integrados à sala de aula – é uma demonstração do desconhecimento do potencial do equipamento e da internet na sala de aula. Milada Gonçalves, da Fundação Telefônica, diz que o papel do educador, como mediador das informações disponíveis, é, entre outros, desenvolver nos seus alunos habilidades de pesquisa e seleção das informações, comunicação (como se comportar e se proteger na web) e autoria (publicação de conteúdos). “O professor tem de planejar suas atividades pensando que, hoje, a internet é o principal meio de comunicação e de relação entre pessoas”, observa. “Não é possível ensinar a geração do século 21 com métodos do século 19.”

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